Vejo à distância. olho como há anos atrás. um olhar que antes me incomodava. Pedras distraiam minha visão apontada para uma parede branca. Eu tinha medo, eu tinha ardor estranho no peito, uma agonia de senti-las em mim. Entrando nos meus olhos e nos meus poros.
Depois assumi as pedras. Deixei que elas me tocassem, entrassem em mim. Me apertasse por dentro, me completassem e me endurecessem. Fiquei fria, dura, grossa.
E as esqueci. As derreti. Ou esqueci e elas me cegaram pro mundo. Pra verdade, realidade.
Finjo sair da infância. Finjo ser adulta mas mantenho minha inocência idiota e exacerbada.
Agora as pedras sumiram. Vejo distante, em 3d. Parece um descanso pra vista, mas não pra alma. Quero desabar, quebrar um copo e fingir que é algo diferente de um objeto. Queria que a tragada me tragasse tão profundamente de retirar meus sentimentos ruins e substituí-los por substâncias nocivas à minha vida. Não precisava ter os dois.
30 centímetros parece 1 quilômetro. Do mundo. No espaço. No mar calmo pingado. Nas cores, nos ipês, nas nuvens de coração, no céu. Com cigarro, anéis, taças de vinho caro degustados com prazer.
Fechado. E não é um impresso dobrado. É uma porta chumbada.
Cega como uma porta.